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A desinformação como arma política: quando o microfone serve ao engano

Por Anderson Braga

Nos últimos dias, Penedo assistiu a mais um triste episódio de desinformação travestida de jornalismo. Em um momento em que a informação deveria ser instrumento de cidadania, um grupo de radialistas locais, movidos mais pela vaidade e pela frustração política do que pelo compromisso com a verdade, espalhou a falsa notícia de que a Santa Casa de Misericórdia de Penedo teria sido fechada.

A afirmação, além de irresponsável, é mentirosa. A realidade é simples e transparente: a maternidade da Santa Casa foi transferida para o prédio do Hospital Regional, que também é administrado pela própria instituição. Não houve fechamento, interrupção de serviços nem qualquer tipo de crise institucional. O que houve foi uma mudança administrativa e física e, ao que parece, uma oportunidade aproveitada por alguns para tentar criar caos onde há apenas reorganização.

O episódio revela um fenômeno preocupante que se repete com frequência em rádios locais de pequeno alcance, mas de grande influência sobre a população: a utilização do microfone como ferramenta política, e não como canal de informação. Quando o espaço público da comunicação é dominado por paixões partidárias e ressentimentos eleitorais, o que se propaga não é notícia, mas veneno social.

É evidente que por trás dessas fake news há a sede pelo poder e a dor da derrota nas urnas. A incapacidade de aceitar o resultado democrático leva alguns a recorrerem ao que têm de mais fácil: a manipulação da opinião pública. É um comportamento que enfraquece as instituições, ataca a confiança coletiva e mina o trabalho de quem, de fato, busca construir uma cidade melhor.

O papel do comunicador — especialmente do radialista, cuja voz ainda ecoa com força em comunidades interioranas deveria ser o de esclarecer, apurar e servir à sociedade. Quando esse papel é traído, o rádio, que sempre foi símbolo de credibilidade e proximidade, torna-se um instrumento de desinformação e divisão.

Penedo, cidade de história e cultura ricas, merece mais. Merece jornalismo com ética, responsabilidade e compromisso com a verdade. A democracia se fortalece com debate, não com boatos. O cidadão penedense precisa e merece saber o que acontece em sua cidade mas com fatos, não com versões manipuladas por quem não aprendeu a perder.

Enquanto houver quem use o microfone para enganar, caberá à sociedade, à imprensa responsável e às instituições reagir com firmeza. Porque mentira repetida em rádio ainda é mentira. E verdade, em Penedo, precisa continuar tendo voz.

No mesmo horário no qual as fake news eram ditas no rádio, mães davam a luz aos seus filhos já nas novas instalações da maternidade no Hospital Regional.

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