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Tensão no Oriente Médio faz preço do petróleo disparar com risco de bloqueio do Estreito de Ormuz

Os preços do petróleo abriram a semana em alta diante da crescente tensão no Oriente Médio. Nesta segunda-feira (23), os contratos futuros da commodity operam com ganhos de quase 2%, impulsionados pela ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz — principal rota marítima do mundo para o transporte de petróleo e gás natural.

A decisão foi aprovada no domingo (22) pelo Parlamento iraniano, como retaliação direta aos ataques dos Estados Unidos contra três instalações nucleares no país, realizados no último sábado. A medida, entretanto, ainda aguarda a validação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e o aval final do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.

Apesar disso, a simples possibilidade de bloqueio já gera forte instabilidade nos mercados internacionais. Por volta das 6h (horário de Brasília), o barril do petróleo tipo Brent — referência global — subia 0,12%, cotado a US$ 75,57. Já o WTI, usado como referência nos Estados Unidos, avançava 0,11%, a US$ 73,88.

Risco global à oferta de petróleo

O Estreito de Ormuz é considerado uma verdadeira artéria energética do planeta. Cerca de 20% de todo o petróleo consumido mundialmente passa diariamente pela estreita faixa de 33 quilômetros que conecta o Golfo Pérsico ao Mar da Arábia. Segundo a plataforma de monitoramento Vortexa, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris circulam diariamente pela região.

Além do petróleo, o estreito também é rota essencial para o transporte de gás natural liquefeito (GNL), principalmente do Catar, responsável por quase toda sua exportação através dessa via.

Com o agravamento do conflito, a possibilidade de interrupção desse fluxo gera temores de uma escalada nos preços da commodity. Para o economista André Perfeito, o fechamento efetivo do estreito pode elevar o preço do barril em até 20% no curto prazo, levando-o à faixa dos US$ 92. Caso o conflito se prolongue, a cotação poderia chegar a saltar 40%, superando os US$ 110 — patamar próximo ao pico registrado durante a guerra entre Rússia e Ucrânia, em 2022.

“Se confirmada essa decisão, o impacto nos mercados será imediato e severo. Ormuz é insubstituível no curto prazo”, alerta Perfeito.

Analistas do JPMorgan também projetam cenários ainda mais pessimistas. No pior dos casos, os preços poderiam alcançar de US$ 120 a US$ 130 por barril, caso haja um bloqueio prolongado ou retaliações por parte de outros grandes produtores da região.

Escalada militar entre EUA, Irã e Israel

A tensão cresceu após os Estados Unidos, sob comando do presidente Donald Trump, realizarem ataques de alta precisão contra três instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan. Em pronunciamento à nação, Trump foi categórico:

“Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã. Se a paz não vier rapidamente, continuaremos atacando com precisão e habilidade.”

A ofensiva americana marca a entrada direta dos EUA na guerra entre Irã e Israel, que já vinha se desenrolando com intensos bombardeios mútuos. Nos últimos dias, Israel havia anunciado ataques contra alvos nucleares iranianos, o que provocou a reação de Teerã com disparos de mísseis contra Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.

Impacto geopolítico e alternativas

Diante do risco iminente, países como Arábia Saudita e Emirados Árabes tentam acelerar o uso de rotas alternativas para reduzir sua dependência do estreito. No entanto, dados da Administração de Informação de Energia dos EUA apontam que a capacidade ociosa desses oleodutos é limitada — cerca de 2,6 milhões de barris por dia —, insuficiente para compensar uma interrupção total do fluxo por Ormuz.

O mundo agora acompanha com atenção os próximos movimentos diplomáticos e militares na região. A decisão do aiatolá Khamenei será determinante não apenas para os rumos do conflito, mas também para a estabilidade energética global.

Por Bel. Braga

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