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Lula quer negociar com EUA, mas prepara retaliação contra tarifa de 50% imposta por Trump e aciona Lei da Reciprocidade Econômica

Por Anderson Braga

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara uma resposta contundente à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida americana, anunciada na quarta-feira (9) por meio de uma carta divulgada nas redes sociais, provocou uma reação imediata do Palácio do Planalto, que pretende acionar a recém-sancionada Lei da Reciprocidade Econômica para proteger os interesses comerciais do país.

Em entrevistas concedidas nesta quinta-feira (10) ao Jornal Nacional e ao Jornal da Record, Lula foi claro ao afirmar que o Brasil não aceitará passivamente o que considera uma provocação unilateral. “Se não houver solução, vamos entrar com reciprocidade a partir de 1º de agosto”, afirmou ao JN. Já à Record, o presidente foi mais direto: “Se ele [Trump] vai cobrar 50% de nós, nós vamos cobrar 50% dele”.

Reação imediata

Logo após o anúncio de Trump, Lula convocou uma reunião de emergência com sua equipe ministerial para discutir a resposta brasileira. Estiveram presentes Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social). O encontro sinalizou que o governo levará o episódio a sério, avaliando os impactos econômicos e políticos da nova tarifa americana.

A Lei da Reciprocidade Econômica

Sancionada por Lula após Trump ter imposto, ainda em abril, tarifas de 10% sobre produtos brasileiros e de 25% sobre aço e alumínio, a Lei da Reciprocidade Econômica autoriza o Brasil a adotar medidas equivalentes contra países ou blocos que prejudicam o comércio nacional com ações unilaterais.

Pelo texto, o Brasil pode:

  • Aplicar impostos adicionais sobre bens importados dos Estados Unidos;

  • Suspender concessões comerciais e contratos de investimento;

  • Interromper obrigações relacionadas à propriedade intelectual de empresas norte-americanas.

Entretanto, antes da aplicação de sanções mais severas, a legislação exige consultas diplomáticas e o uso de medidas provisórias emergenciais.

Comitê de emergência e alternativas

Lula também anunciou a criação de um comitê de emergência para acompanhar o caso e propor soluções. O grupo contará com a participação dos ministérios do Comércio, Fazenda, Relações Exteriores, Relações Institucionais e Casa Civil, sendo coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Representantes do setor empresarial também serão incluídos no comitê, que deve repensar a política comercial com os Estados Unidos.

Caso as medidas diplomáticas não surtam efeito, o governo brasileiro considera levar a disputa à Organização Mundial do Comércio (OMC), denunciando o que considera uma prática protecionista e injusta por parte dos EUA. Paralelamente, o Brasil pretende acelerar negociações com novos mercados, especialmente por meio de parcerias com países do Brics e outras nações em desenvolvimento.

A crise entre os dois países reacende debates sobre a dependência econômica brasileira em relação aos Estados Unidos e reforça a estratégia do governo Lula de diversificar parcerias comerciais em um cenário geopolítico cada vez mais polarizado.

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