Imagens mostram traficantes fortemente armados antes de megaoperação nos complexos do Alemão e Penha
Vídeos gravados pela polícia no início da ação revelam grupo de 23 traficantes reunidos no alto do Complexo da Penha. Mais adiante, cerca de 80 criminosos aparecem próximo à área de mata. Entre eles, há líderes do crime de outros estados e da cúpula do Comando Vermelho no Rio.

Por G1
Um vídeo de drone gravado pela polícia mostra o momento em que criminosos fortemente armados se reuniam no alto do Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, pouco antes de fugirem pela mata durante a megaoperação das forças de segurança realizada na última terça-feira (28).
As imagens foram captadas por volta das 6h, no início da operação, e registram 23 homens armados, alguns usando roupas camufladas e uniformes semelhantes aos das polícias, o que, segundo os agentes, dificulta a identificação dos criminosos. Mais adiante, já próximo à área de mata, as imagens mostram cerca de 80 criminosos armados.
De acordo com a investigação, entre os integrantes do grupo estão chefes do tráfico de outros estados, como Goiás, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Amazonas e Pará, além de membros da cúpula do Comando Vermelho (CV) no Rio.
Fuga pela Serra da Misericórdia
O vídeo mostra o grupo se deslocando em direção à área de mata da Serra da Misericórdia, ponto que se tornaria o principal foco de confronto durante a operação.
Segundo a polícia, o traficante Doca, um dos alvos centrais da ação, já estava escondido fora do perímetro de casas no momento das filmagens.
Em entrevista à GloboNews, o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, explicou por que o criminoso não foi capturado.
Segundo ele, a vegetação densa e o terreno acidentado dificultaram o avanço das equipes e facilitaram a fuga dos traficantes pela mata, usada também como rota de escape e área de treinamento da facção.
“De acordo com as investigações, a mata usada na fuga também serve de área de treinamento para novos integrantes da facção — inclusive menores de idade”, afirmou o secretário.
CV controla mais de mil favelas no Rio
As imagens apresentadas pela polícia fazem parte de um relatório que revela atos de extrema violência praticados por criminosos do Comando Vermelho.
Nos últimos anos, a facção ampliou suas formas de exploração dos territórios, cobrando “pedágios” de moradores para o acesso a serviços básicos como gás, internet e transporte.
Expansão nacional
Além da presença no Rio, o Comando Vermelho expandiu sua influência para outras regiões do país, disputando rotas de tráfico no Norte e Nordeste.
Dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) indicam que a facção já atua em 24 estados e no Distrito Federal, consolidando-se como a maior organização criminosa em atividade no Brasil.
A megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão foi a mais letal da história do Rio, deixando 121 mortos, incluindo quatro policiais, e resultando em 113 prisões.
A ação mobilizou 2,5 mil agentes das polícias Civil, Militar e unidades especiais, com o objetivo de cumprir mandados de prisão e desarticular bases logísticas do Comando Vermelho.
O governo estadual classificou a operação como um “êxito”, enquanto organizações civis e moradores denunciaram remoções irregulares de corpos, abusos e impactos humanitários na região.



