Maior apreensão de ouro do AM tem 77 barras avaliadas em R$ 45 milhões e 3 policiais presos; entenda
Até então, o recorde era de 47 quilos apreendidos em 2023. Agora, 77 barras, totalizando 72,6 kg e avaliadas em R$ 45 milhões foram encontradas com o grupo, que inclui dois PMs e um policial civil.

Por G1/AM
A apreensão de 77 barras de ouro, totalizando 72,6 quilos e avaliadas em cerca de R$ 45 milhões, foi confirmada nesta quinta-feira (30) pelo secretário de Segurança Pública do Amazonas, Vinícius Almeida, como a maior já registrada na história do estado.
Seis pessoas foram presas na ação, entre elas dois policiais militares e um policial civil, que estavam fora de serviço.
Entenda o caso em seis pontos:
- A maior apreensão já registrada no Amazonas
- Como começou a operação
- Policiais fora de serviço entre os presos
- Quem são os suspeitos
- O que foi apreendido
- Investigações e medidas disciplinares
1. A maior apreensão já registrada no Amazonas
A carga apreendida nesta quinta-feira foi a maior já registrada no estado. Até então, a maior apreensão de ouro no Amazonas havia ocorrido em dezembro de 2023, quando a Polícia Federal interceptou 47 quilos do metal, avaliados em R$ 15 milhões e com grau de pureza superior a 90%, na capital amazonense.
Em nível nacional, a maior apreensão feita até agora foi registrada em agosto de 2025, quando a Polícia Rodoviária Federal (PRF) encontrou 103 quilos de ouro, avaliados em R$ 61 milhões, dentro de uma caminhonete na BR-401, em Boa Vista, capital de Roraima.
2. Como começou a operação
A operação que resultou na maior apreensão de ouro do estado foi realizada na noite de quarta-feira (29), em Manaus, por equipes das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), da Polícia Militar do Amazonas (PMAM).
De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Klinger Paiva, a denúncia mobilizou de imediato as equipes da segurança pública, que já estavam em operação nas ruas.
“A Polícia Militar recebeu uma denúncia, através do 190, de que em uma residência havia uma família feita de refém. Então, de imediato, a equipe da Rocam chegou no local”, explicou.
3. Policiais fora de serviço entre os presos
Ao chegarem à casa, os policiais encontraram quatro pessoas rendidas e foram recebidos por dois PMs e um policial civil, todos fora de serviço. Segundo o comandante da Rocam, tenente-coronel Renan Carvalho, a situação levantou suspeitas logo no início da abordagem.
“Na residência a gente encontrou a família no chão, na garagem. Fomos recebidos por um policial civil e os dois policiais militares estavam dentro da residência. De imediato a gente entendeu que algo estava errado”, contou o comandante.
“Feita a revista na casa, encontramos barras de ouro na sala. O local onde escondiam o ouro era o tanque do carro que seria usado para transportar o material em Manaus”, completou.
4. Quem são os suspeitos
Conforme apuração da Rede Amazônica, o policial civil preso é o chefe de investigação do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), Fellipe Pinto Ferreira. Os policiais militares foram identificados como cabo Gilson Luna de Farias e cabo Antonio Temilson de Souza Aguiar.
Segundo informações, os dois estavam afastados das funções, um por problemas de saúde, e o outro, Antônio Temilson, por ter sido preso em 2024 por porte ilegal de arma.
Os três policiais e os outros três homens que participavam da negociação foram presos em flagrante. A mulher de um dos suspeitos, dona da residência, foi levada à delegacia como testemunha.
5. O que foi apreendido
Durante a ação, a Rocam apreendeu 77 barras de ouro de origem venezuelana, além de armas, munições, coletes balísticos, celulares e dinheiro. Também foram encontrados dois veículos, sendo um blindado e outro com fundo falso, que seriam utilizados para o transporte do ouro pela capital.
“Um dos indivíduos, dono da residência, era um venezuelano que estava em posse de 77 barras de ouro, o que totalizou 72 quilos. Foi apreendido também o armamento que os policiais estavam utilizando”, disse o comandante-geral da PM.
6. Investigações e medidas disciplinares
O material apreendido foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Manaus, que conduz a investigação sobre a origem do ouro e a possível participação de outros servidores públicos no esquema.
O delegado-adjunto da Polícia Civil do Amazonas, Guilherme Torres, afirmou que já foram adotadas medidas administrativas e investigativas sobre o caso.
“Será instaurado um inquérito policial. Nós não compactuamos com qualquer tipo de conduta de um servidor, um policial, que não tinha justificativa para estar ali naquele momento, fazendo operação sem ordem de missão. A Polícia Federal vai instaurar o inquérito para verificar a participação de outros possíveis servidores nesse esquema ilegal de venda de ouro”, disse.
O corregedor-geral do Sistema de Segurança Pública, coronel Franciney Bó, também destacou que a apuração será rigorosa.
“A gestão do sistema de segurança pública não está aqui para compactuar com atitudes de servidores com o crime. Tanto que policiais militares da Rocam, mesmo sabendo que tinham ali colegas de farda, não se limitaram a atender a ocorrência. Fizeram a prisão e foram atrás dos detalhes. Um dos policiais envolvidos já responde a procedimento na Corregedoria, e nós temos o dever de fazer uma apuração isenta e rigorosa. Não vamos compactuar com desvio de conduta de forma alguma”, concluiu.




