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Ministério Público denuncia Kel Ferreti por estupro de enfermeira em pousada de Cruz das Almas

O influenciador digital e ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti, foi denunciado no último dia 11 pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL) pelo crime de estupro. No mesmo caso, ele foi indiciado pela Polícia Civil de Alagoas (PC-AL) pelos crimes de lesão corporal e estupro. A defesa de Ferreti nega os crimes. O caso foi remetido à Justiça.

Quem denuncia Ferreti é uma enfermeira de 28 anos, que diz ter conhecido o influenciador em um grupo de apostas [jogo do tigrinho], no qual, segundo ela, Ferreti era gestor da comunidade e oferecia dinheiro para quem participasse do canal e fizesse cadastro nos jogos mediante um link fornecido por ele.

A denúncia do MPE narra que “quando a vítima entrou no grupo em questão, logo foi chamada pelo influenciador no privado, o qual solicitou os dados bancários dela para que o pix fosse realizado; ao invés do depósito do valor de R$ 50 que comumente o denunciado fazia para os integrantes do grupo, Kel Ferreti fez um pix no valor de R$ 100 em favor da vítima”.

Denuncia MP/AL

O documento cita ainda que, nos dias seguintes, o influenciador continuou conversando com a vítima. “Ao longo das conversas, o denunciado também informou que era casado, que tinha dois filhos gêmeos e que era policial, sempre demonstrando ser pessoa de alto poder aquisitivo. A vítima, por precisar de apoio financeiro, prosseguia nas conversas e solicitava ao denunciado doações e empréstimos de pequenos valores, como R$ 100, aos quais o denunciado comumente atendia”, destacou o MPE.

A peça do órgão ministerial diz ainda que Ferreti chegou a perguntar à vítima quanto ela cobrava para ficar com ele, ao que a vítima teria informado que não era garota de programa. “Na sequência das conversas, o denunciado deu a entender que a vítima precisaria ‘dar coisas em troca’ para ter acesso a mais dinheiro, sendo ainda instruída a mandar fotos nuas e vídeos para ele, o que foi feito por ela. Durante as conversas, o denunciado chegou a perguntar à vítima se ela gostava de ‘levar tapas durante o ato sexual’, e que ele gostava de tal prática, porém a esposa dele não gostava, ao que a vítima, que imaginava se tratar de tapinhas leves, afirmou que ‘gostava’, chegando a brincar afirmando ‘assim vou sair de costela quebrada’”, diz outro trecho da denúncia.

A mulher, ao ser ouvida pela polícia, disse que as conversas tinham nítido cunho sexual, e que as palavras utilizadas visavam agradar Ferreti, mas que em momento algum imaginava que pudesse passar por tamanha violência quando se encontrassem. “Após as conversas, a vítima aceitou marcar um encontro com o denunciado, pois este teria dito ‘que estava com muita vontade de encontrá-la e que estava precisando de ‘algo fora’, pois não aguentava mais a esposa”, consta em outro trecho.

“De forma agressiva, o denunciado passou, então, a beijar a boca da vítima mordendo-a, e chegando a penetrar o pênis em sua vagina sem que a referida estivesse lubrificada, tendo a machucado. Durante a relação sexual, o autor, que estava sentado na cama com a vítima “montada” em suas pernas, chegou a dar socos nas costelas e no quadril da vítima, além de ter desferido tapas fortes no rosto da vítima; um golpe com a mão fechada chegou a pegar de raspão no rosto (lado esquerdo) da vítima. A sequência de golpes deixou o rosto da referida inchado”, cita.

A peça ministerial continua citando que “em dado momento, a vítima estava deitada de costas, quando o autor levantou suas pernas, passando a penetrá-la com brutalidade, exercendo muita força e a machucando, tendo a vítima demonstrado sentir dor (contorcia-se) e tentado se afastar do denunciado, porém, com medo da violência do referido e que este pudesse matá-la, não chegou a verbalizar o pedido de parada, porém ficou em choque, apenas aguardando que o ato acabasse o quanto antes”.

A denúncia diz ainda que Ferreti não utilizou preservativo e, em determinado momento, passou a morder os seios da vítima com força, ao que a mulher teria informado que estava doendo, tendo o denunciado afirmado que iria “arrancar os peitos” dela daquela maneira, tendo mordido com ainda mais força.

O Ministério Público descreve ainda que o influenciador teria retomado o ato sexual e as agressões contra a mulher, que, ao reclamar, teria ouvido de Ferreti: “mas você gosta de apanhar”. A denúncia acrescenta que “ao terminar os atos de estupro, o denunciado vestiu a roupa e logo se despediu da vítima, afirmando que tinha cerveja e que ela poderia beber/ingerir, tendo, ainda, perguntado se ela teria gostado ‘do Kell Ferreti’ (referindo-se a si mesmo em terceira pessoa)”.

Nos dias seguintes, a vítima registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Virtual e contou a situação para dois colegas, e um deles a instruiu a buscar ajuda na Sala Lilás. “Cinco dias depois do fato, a vítima foi até o Hospital da Mulher para ser atendida, e chegou a mandar para o denunciado fotos do estado dela após o ato sexual agressivo, ao que o denunciado afirmava que ela devia ‘pôr gelo no local’ e que ele era ‘policial’, de forma que já tinha ‘batido muito em bandidos e que sabia a força que usava’, desprezando, então, o relato de violências por parte da vítima”, diz a peça do Ministério Público.

Mensagens trocadas entre a enfermeira e o influenciador após o fato mostram ele sugerindo outro encontro. “Vamos marcar de novo, amor. Dessa vez sexo sem tapas. Saudades dessa buceta mágica”, diz ele. A mulher responde apenas com o “não”.

Com base nas informações e relatos da vítima, a Polícia Civil solicitou à pousada imagens das câmeras de videomonitoramento do estabelecimento, que informou não ter mais, pois houve uma troca do equipamento. A autoridade policial também solicitou a relação de funcionários da pousada no dia do fato, mas a administração do local respondeu que só tinha uma recepcionista e que era diarista. A polícia localizou a recepcionista, mas ela disse não se lembrar da enfermeira.

O influenciador digital Kel Ferreti foi preso durante a operação Trapaça, no dia 4 de dezembro, por suspeita de lavagem de dinheiro. A ação foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (GAESF), do Ministério Público. Atualmente, ele está no sistema prisional do estado.

Durante a ação, as equipes apreenderam cerca de R$ 20 mil, celulares, documentos e um Porsche. O MP pediu ainda o bloqueio de mais de R$ 21 milhões das contas de pessoas que foram, supostamente, utilizadas como “laranjas” para ocultação de bens, além de 10 veículos de luxo.

Em depoimento à polícia, Ferreti disse que só falaria na Justiça. Por meio de nota, a defesa disse que Ferreti “não cometeu o crime que lhe foi imputado”. A advogada Graciele Queiroz destaca que “não há qualquer fundamento para as acusações de abuso sexual contra Kel Ferreti e assegura que todas as medidas legais estão sendo tomadas para provar sua inocência e restaurar a verdade”.

Por Hebert Borges

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