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Polícia Civil deflagra “Operação Contrato Cego” e prende suspeitos de aplicar golpe do falso financiamento em Maceió

Por Anderson Braga

A Polícia Civil de Alagoas deflagrou, nas primeiras horas desta quinta-feira (23), a “Operação Contrato Cego”, com o objetivo de desarticular um esquema criminoso conhecido como golpe do falso financiamento. A ação resultou na prisão de dois suspeitos e no cumprimento de oito mandados de busca e apreensão em diversos bairros de Maceió, incluindo Jatiúca, Farol, Serraria, Santa Lúcia e Benedito Bentes.

Coordenada pelos delegados Dalberth Pinheiro e Michelly Santos, da Delegacia de Estelionatos, a operação contou com o apoio de várias unidades especializadas da corporação, entre elas a DPJ1, CORE, DERC, OPLIT, 10° DP e o Departamento Estadual de Aviação (DEA).

Golpe disfarçado de financiamento

De acordo com a delegada Michelly Santos, as investigações apontam para a existência de uma organização criminosa que atuava no mercado imobiliário, enganando pessoas interessadas na compra da casa própria. O grupo oferecia supostos financiamentos habitacionais, exigindo uma entrada de cerca de 10% do valor do imóvel.

“No entanto, o que as vítimas assinavam era, na verdade, um contrato de consórcio, e não de financiamento. Muitas pessoas acreditavam que receberiam o imóvel após o pagamento da entrada, mas acabavam sem o bem e sem previsão de contemplação”, explicou a delegada.

Michelly destacou que se trata de um estelionato em larga escala, com vítimas espalhadas por todo o país. “Em Alagoas, já há cerca de 120 processos cíveis e diversas investigações em andamento. No Brasil, são mais de 3.700 processos relacionados ao mesmo golpe, o que comprova a estrutura organizada da quadrilha. Nesta fase, estamos identificando o braço do grupo que atuava aqui no estado”, afirmou.

Estratégia e disfarces

Segundo as investigações, os criminosos utilizavam redes sociais e escritórios de fachada para atrair as vítimas. “Eles criavam empresas de fachada ligadas a uma matriz principal e mudavam constantemente de endereço para dificultar o rastreamento. Corretores eram aliciados para divulgar falsas oportunidades de financiamento, e os contratos eram redigidos de forma a disfarçar o verdadeiro teor do negócio”, detalhou a delegada.

Prisões e apreensões

O delegado Dalberth Pinheiro informou que a operação teve início após um aumento expressivo de registros de vítimas na Delegacia de Estelionatos. “Recebemos cerca de 30 boletins de ocorrência envolvendo as mesmas empresas. O golpe causava prejuízo financeiro e social, atingindo famílias que buscavam realizar o sonho da casa própria. Por isso, iniciamos a operação para identificar e prender os responsáveis”, disse.

Durante o cumprimento dos mandados, duas pessoas foram presas — uma delas já havia sido detida anteriormente por porte ilegal de arma de fogo. Os agentes também apreenderam munições e documentos que deverão ser analisados pela equipe de investigação.

A ação contou com o apoio da inteligência da Polícia Civil, da DRACO, do Grupo Especial de Apoio Investigativo e do Núcleo de Planejamento Operacional.

Nome da operação

O nome “Contrato Cego” faz referência à forma como o golpe era aplicado: as vítimas assinavam contratos acreditando tratar-se de financiamentos imobiliários, sem perceber que estavam aderindo a consórcios. A prática caracteriza os crimes de estelionato (art. 171 do Código Penal) e organização criminosa.

As investigações continuam para identificar outros envolvidos e recuperar os valores desviados. A Polícia Civil reforça o alerta para que consumidores verifiquem cuidadosamente os contratos antes de assinar qualquer documento e desconfiem de ofertas que prometem financiamentos rápidos e sem análise de crédito rigorosa.

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