
O julgamento do caso Roberta teve uma tarde marcada por revelações impactantes e momentos de intensa comoção. O tribunal ouviu quatro testemunhas que trouxeram elementos decisivos para o andamento do processo que apura o desaparecimento e morte de Roberta Dias, jovem grávida à época dos fatos.
A primeira testemunha da tarde foi a amiga e confidente da vítima. Em depoimento, ela confirmou que acompanhou Roberta ao posto de saúde para a realização de exames de pré-natal. Após a consulta, relatou que deixou a jovem na Praça Central de Santa Luzia, onde se despediram, e seguiu seu caminho. Foi a última vez que viu Roberta com vida.
Na sequência, foi ouvido Douglas, amigo próximo de Saulo — então namorado da vítima — e de Bruno, um dos acusados no caso. Douglas relatou ter mantido uma forte amizade com ambos e, por isso, inicialmente não acreditava que fossem capazes de cometer tal crime. No entanto, afirmou que Bruno, tomado pela culpa, acabou confessando a ele sua participação no assassinato. Ainda segundo Douglas, Bruno manifestou o desejo de contar tudo ao próprio pai e, para isso, pediu ajuda ao pai de Douglas, que o chamava de tio.
A terceira testemunha foi justamente o pai de Douglas, autor da gravação entregue à polícia. Ele confirmou que gravou a conversa com Bruno durante o desabafo em que o réu confessava seu envolvimento na morte de Roberta. Segundo ele, a motivação para registrar a conversa foi proteger seu filho de qualquer envolvimento e garantir que a verdade viesse à tona. Ao ser questionado sobre a possível participação de Saulo como mentor do crime, ele foi categórico: “Não acredito que Saulo tenha arquitetado nada. Ele era medroso, tinha medo até de uma folha caindo no chão.”
Encerrando a tarde de depoimentos, foi ouvido o próprio Saulo, filho de Maire Jane — acusada de ser a mandante do crime — e namorado da vítima na época. Visivelmente emocionado e chorando copiosamente, Saulo mal conseguiu iniciar seu depoimento, sendo interrompido pelo presidente do júri para que pudesse se recompor. Após alguns minutos, retomou seu relato e fez uma confissão estarrecedora: admitiu que, junto com Bruno, foi responsável pela morte de Roberta Dias.
Entre lágrimas, Saulo pediu desculpas à família da vítima e afirmou que a amizade de Bruno por ele foi o único motivo para que o amigo aceitasse participar do crime. Questionado sobre quem teria idealizado o plano, assumiu total responsabilidade, isentando sua mãe de qualquer participação intelectual: “Fui eu quem pensou em tudo”, declarou com firmeza.
Ainda em seu depoimento, Saulo revelou que, em 2021, procurou o advogado Dr. Alessandro, que representa sua mãe, para contar toda a verdade. No entanto, segundo ele, apenas em 2024 recebeu do advogado o conselho de que deveria assumir os fatos. Saulo relatou ter passado inúmeras noites sem dormir e finalizou seu testemunho pedindo perdão à mãe de Roberta e a toda a sua família pelo sofrimento causado.
O julgamento segue com a expectativa de novos depoimentos e possíveis desdobramentos ainda nesta semana. A comunidade penedense acompanha o caso com atenção e consternação diante das revelações que emergem no tribunal.
Por Anderson Braga