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Polícia Civil de Alagoas desarticula organização criminosa especializada em fraudes contra idosos; Operação “falso consignado”

Por Anderson Braga

A Polícia Civil de Alagoas deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), a Operação Falso Consignado, que teve como alvo uma organização criminosa especializada na falsificação de documentos de idosos e na contratação de empréstimos consignados não autorizados. O grupo esgotava toda a margem de crédito das vítimas, causando prejuízos milionários.

A ação foi coordenada pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), com investigações conduzidas pela Divisão Especial de Combate à Corrupção, sob a gestão dos delegados José Carlos e Maria Eduarda. Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca domiciliar e um de prisão preventiva contra o líder da quadrilha. As buscas ocorreram nos bairros Cidade Universitária, Santa Lúcia, São Jorge, Jacintinho e Feitosa, em Maceió.

O líder da organização, de 56 anos, já estava preso no Presídio de Segurança Máxima por homicídio qualificado e foi formalmente cientificado da nova ordem de prisão. Agora, também responderá por estelionato qualificado, lavagem de dinheiro e constituição de organização criminosa.

O modus operandi

Segundo as investigações, o grupo falsificava documentos de beneficiários do INSS, utilizando fotografias de idosos cooptados como laranjas. Com esses documentos, criavam contas no sistema Gov.br em nome das vítimas, o que possibilitava a solicitação de empréstimos consignados de alto valor, principalmente em bancos digitais.

Após a liberação, o dinheiro era transferido para contas de intermediários, que faziam novas movimentações até que os valores chegassem ao líder da quadrilha ou a pessoas de sua confiança. Apenas em uma instituição financeira, o prejuízo superou R$ 500 mil. No total, já foi identificado mais de R$ 1 milhão em fraudes, mas a Polícia Civil estima que o montante real seja muito maior, uma vez que somente cinco investigados movimentaram cerca de R$ 8 milhões em créditos suspeitos em menos de dois anos.

Estrutura criminosa

A organização funcionava de forma hierárquica, com núcleos especializados em falsificação de documentos, captação de laranjas e abertura de empresas de fachada. Pessoas próximas ao líder também eram responsáveis por ocultar e resguardar o patrimônio obtido com os crimes.

Apesar de se apresentar como construtor civil, o chefe do grupo já havia sido investigado e preso pela Polícia Federal por fraudes previdenciárias, incluindo a concessão de aposentadorias a pessoas inexistentes. Mesmo após a prisão, ele conseguiu reestruturar a organização criminosa e preservar os bens acumulados.

Violência e homicídios encomendados

Embora a principal atividade fosse o estelionato, as investigações apontaram que o grupo mantinha um braço violento para eliminar pessoas que representassem riscos aos seus interesses. A Polícia Civil identificou indícios da execução de uma mulher, em Marechal Deodoro, em maio de 2024, após um desentendimento com o líder. Há ainda provas de que ele planejava a morte da própria ex-esposa.

Diante desses elementos, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa foi acionada para aprofundar a apuração da participação da organização em crimes contra a vida.

A Polícia Civil destacou que as investigações continuam, com a possibilidade de novas prisões e bloqueios patrimoniais, visando desarticular por completo o esquema e responsabilizar todos os envolvidos.

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