Taxação impostas pelo EUA entram em vigor hoje
Medida assinada por Donald Trump entra em vigor nesta quarta-feira (6) e exclui suco de laranja, aeronaves e combustíveis. Decisão intensifica tensão diplomática entre Washington e Brasília.

Por Anderson Braga
Entram em vigor nesta quarta-feira (6) as novas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Assinada pelo presidente Donald Trump no último dia 30, a ordem executiva impõe uma tarifa adicional de 40%, elevando para 50% o total de tributos cobrados sobre uma ampla gama de mercadorias oriundas do Brasil. A medida, no entanto, inclui uma longa lista de exceções e traz implicações políticas que aprofundam o distanciamento entre os dois países.
De acordo com a Casa Branca, a decisão tem como base a alegação de que ações recentes do governo brasileiro representam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. No centro das críticas está o tratamento dispensado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a seus apoiadores, que, segundo o governo americano, vêm sendo alvo de perseguição política, censura e abusos judiciais.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é citado diretamente no comunicado, acusado de liderar uma série de ações que teriam como objetivo silenciar a oposição política no Brasil. “Moraes ameaçou, perseguiu e intimidou milhares de seus opositores, além de impor multas a empresas americanas e congelar seus ativos no país”, diz o texto oficial.
Sanções diplomáticas e bloqueio de vistos
Como parte da retaliação, os EUA revogaram os vistos americanos de oito ministros do STF, entre eles Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foi incluído na lista de sanções. Os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux ficaram de fora das penalidades.
O governo americano justifica a medida como uma resposta à “censura forçada” e à violação da liberdade de expressão, destacando ainda o caso do blogueiro Paulo Figueiredo, residente nos EUA e alvo de processo no Brasil por declarações feitas em solo americano. “O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão e protegendo cidadãos americanos da perseguição política”, afirmou a Casa Branca.
Lista de exceções e impactos econômicos
Apesar da elevação tarifária, o decreto assinado por Trump isenta cerca de 700 produtos brasileiros da nova tributação. Itens como suco de laranja, petróleo, fertilizantes, aeronaves civis, veículos, peças automotivas e alguns tipos de metais e madeiras não serão afetados pela tarifa de 50%.
Ainda assim, a medida deve impactar setores estratégicos do agronegócio e da indústria brasileira, provocando reações de lideranças empresariais e exigindo uma resposta diplomática do governo Lula. Até o momento, o Palácio do Planalto não se pronunciou oficialmente sobre o decreto americano.
A imposição de tarifas e sanções diplomáticas por parte dos Estados Unidos marca uma escalada inédita nas relações bilaterais, tradicionalmente marcadas por cooperação econômica e institucional. Observadores internacionais apontam que a decisão de Trump que já assumiu postura crítica em relação ao atual governo brasileiro pode ter repercussões no cenário político interno e externo do Brasil nos próximos meses.
Acompanhamento e repercussão
Especialistas avaliam que as medidas adotadas por Washington inserem um novo componente geopolítico nas relações com o Brasil, em um contexto de crescente polarização internacional. O Itamaraty e autoridades brasileiras ainda analisam os desdobramentos jurídicos e comerciais do caso, enquanto aliados do governo americano afirmam que a defesa da liberdade de expressão continuará sendo prioridade da política externa de Trump.
A crise instalada promete movimentar os bastidores diplomáticos e judiciais, em meio a um ambiente já tensionado por disputas políticas e institucionais dentro do Brasil.