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MAIQUINHO BESTÃO PRECISAVA DE UM PSIQUIATRA

Todo mundo sabe que eu nasci em uma cidade pequena, beira de rio e com casarios coloniais. Mas nunca deixei de manter minhas amizades antigas, apesar de ter me mudado.

Vez ou outra eu ligava para encontrar os amigos do passado que também tinham saído da cidade. Um desses ‘fugitivos’ era o Maiquinho Bestão, que depois de perder as boquinhas de emprego nas prefeituras da região, teve de se mudar para a capital. Desempregado, passando necessidade, cheio de processos, se entregou a esbórnia e ao álcool. Chegou a ser preso por embriaguez ao volante, levou uns tapas e isso o revoltou mais ainda. Passaram a chama-lo de bêbado safado…

Liguei então para fazer uma visita ao Maiquinho Bestão, pois eu soube que ele só falava de mim pelos cantos, dizendo que morria de saudades da minha pessoa.

Combinei e fui na casa dele, cheguei lá e já fui vendo que o Maiquinho Bestão não estava bem. Muitas garrafas e latas de bebida espalhadas pelo chão denunciavam que ele abusava do álcool como muleta para seus problemas.

Quando parei na porta da casa, os vizinhos já me olharam estranho, e uma velhinha veio sorrateiramente ao meu lado dizer que tomasse cuidado, pois o morador daquela casa estava com problemas psiquiátricos, vivia gritando que estava sendo atacado por milicianos e estava com mania de perseguição.

Entrei na casa do Maiquinho Bestão e um fedor inebriante de roupas sujas, fezes e urina chegou ao meu nariz. Maiquinho estava prostado no sofá balbuciando coisas sem nexo: “a milícia, a milícia, a milícia”.

Tentei manter uma conversa com o Maiquinho Bestão, mas não foi muito produtiva. As poucas coisas que ele me relatava era que o irmão estava brigando muito com ele e as vezes essas agressões tornavam-se físicas. Que a família o tinha abandonado e não conseguia mais nenhum emprego daqueles que ele se acostumou a ter, onde ele não precisava aparecer para trabalhar.

Devido a isso, ele passou a ter de trabalhar em uma rádio de quinta categoria, apresentando um programa que não tinha audiência, dividindo a bancada com outros alcoólatras e às vezes até criminosos confesos.

Não aguentei ficar muito tempo vendo o ocaso do meu amigo Maiquinho Bestão. Triste fim para um cara que sempre se gabou do sobrenome e que gostava de esbanjar e ostentar. Me despedi e ao fundo escutei o Maiquinho Bestão falando: cuidado com a milícia, cuidado com a milícia.

Por O Misterioso

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