
Lá na minha cidade natal, banhada por um rio e com casarões antigos, tínhamos um amigo anão, o Jôzinho.
Jôzinho tinha muitas famas, era enrolado, brincalhão, pé frio, se envolvia em política e em discussões como ninguém.
A fama de pé frio na política era antiga. Candidato nenhum queria o apoio dele, pois era certeza de perder votos.
Jôzinho gostava de tirar onda com todos, mas não aguentava quando começavam a brincar com ele. Ficava com raiva, corria e se escondia, só para não ter de aturar as brincadeiras dos outros.
Jôzinho gostava mesmo é de brincar com os contratados da prefeitura, dizia ele que contratado era uma pessoa inferior, que eram pobres coitados. Toda vez que o Jôzinho encontrava um comissionado da prefeitura, lá vinha Jôzinho menosprezando a pessoa: “Lá vem o barbabé, se mata de trabalhar para não ganhar nada”, e o anãozinho ficava provocando.
A gente tentava argumentar com o Jôzinho que esse tipo de brincadeira não era saudável, e ele dizia em alto e bom som que contratado tinha que se lascar.
Um belo dia, cansados das brincadeiras de mau gosto do Jôzinho, todos os contratados da minha cidade decidiram revidar, foram atrás dos podres do anão e saíram mostrando para todos.
Jôzinho não aguentou a pressão, pois fizeram uma devassa na vida do coitado, descobriram todos os podres e o nosso amado anão sumiu por um tempo da cidade.
Só descobrimos por onde o Jôzinho andava, quando ele ligou para uma rádio da cidade, chorando e pedindo perdão, ele não iria mais brincar dessa maneira com os outros. Jôzinho aprendeu da pior forma que não devemos pisar nas pessoas, por mais que estejamos em um local confortável. Ele pediu um tostão e levou um milhão de resenhas para aprender a brincar direito.