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Atos em todas as capitais do país pressionam Câmara a vetar anistia, e Senado já fala em sepultar blindagem

Manifestação deste domingo foi a maior organizada por apoiadores do governo Lula desde as eleições de 2022, e ficou no patamar de protestos bolsonaristas recentes

Por O Globo

Em atos públicos que reuniram apoiadores do governo Lula, movimentos sociais e parte da população que nas últimas semanas demonstrou descontentamento com decisões do Congresso, mais de 80 mil pessoas foram às ruas no Rio e em São Paulo, ontem, para se manifestar contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia a condenados pela tentativa de golpe. As manifestações, que também foram realizadas em todas as outras 25 capitais, contaram com artistas e tiveram como principais alvos parlamentares do Centrão e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que articulam as duas propostas. No Senado, o relator da PEC e o presidente do colegiado que analisará a proposta de blindagem afirmaram que o texto deve ser derrotado já na sessão desta quarta-feira.

Como mostrou O GLOBO neste domingo, a maioria dos senadores já disseram ser contrários à PEC, que busca ampliar as travas para a abertura de processos criminais contra parlamentares e ainda inclui presidentes de partidos no rol dos beneficiados. O volume das manifestações de ontem gerou preocupação entre aliados de Bolsonaro, segundo a colunista Bela Megale, e também aumentou a pressão sobre a Câmara, que aprovou a PEC na semana passada, para barrar o avanço de uma anistia “ampla e irrestrita” que poderia beneficiar o ex-presidente e outros envolvidos nos ataques à democracia.

Encontro de artistas

 

Ontem, levantamento do Monitor do Debate Político no Meio Digital, com base em imagens aéreas captadas no pico de cada manifestação, mostrou que os atos reuniram cerca de 42,3 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, e 41,8 mil na praia de Copacabana, no Rio. Cálculos feitos com a mesma metodologia apontam que, no histórico recente, o público somado nas duas capitais foi significativamente superior ao de outros atos organizados pela esquerda e movimentos sociais. A maior mobilização de aliados do governo até então, realizada em julho contra o tarifaço anunciado pelo governo dos EUA, havia reunido cerca de 15 mil pessoas na Paulista.

Os atos de ontem ficaram no mesmo patamar de manifestações bolsonaristas recentes, que tinham pautas com ataques ao Judiciário e em defesa da anistia. Em São Paulo, manifestantes estenderam uma bandeira gigante do Brasil na Avenida Paulista, na tentativa de fazer um contraste com a imagem do bandeirão dos Estados Unidos usado por apoiadores de Bolsonaro no último 7 de setembro. Aquele ato, segundo o Monitor do Debate Político, reuniu 42,2 mil pessoas.

No Rio, o principal trio elétrico da manifestação foi reservado a artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan, Paulinho da Viola e Geraldo Azevedo, que se apresentaram ao longo da tarde. A seleção musical incluiu músicas com protestos contra a classe política, como “Podres poderes” na voz de Caetano Veloso, “Brasil”, canção de Cazuza interpretada por Marina Sena, e ainda “Cálice”, um dos hinos contra a ditadura, entoado por Gil e Chico Buarque.

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