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A escalada silenciosa: 31 quilos de drogas retirados das ruas de Aracaju em um único dia

Em um esforço concentrado que expõe tanto a eficiência das forças de segurança quanto a preocupante resiliência do narcotráfico na capital sergipana, a Polícia Militar de Sergipe apreendeu, somente nesta terça-feira (6), 31,4 quilos de entorpecentes em três diferentes bairros de Aracaju. As operações, conduzidas pelo Batalhão de Polícia de Radiopatrulha (BPRp), resultaram na prisão de dois suspeitos e na retirada de expressiva quantidade de drogas das ruas.

No bairro Ponto Novo, um flagrante escancarou a face logística do tráfico local. Em um imóvel que funcionava como depósito, na Rua Pastor Jason Oliveira dos Anjos, a PM encontrou 13,4 quilos de crack e 9,45 quilos de cocaína, além de balanças de precisão e materiais de embalagem — instrumentos clássicos da engrenagem do comércio ilícito. O homem preso no local responderá por tráfico de drogas e associação criminosa.

A poucos quilômetros dali, no bairro Japãozinho, mais precisamente na região conhecida como Ponta da Asa, a ação policial se deu a partir de denúncias de moradores. A apreensão de 7 quilos de maconha evidencia, por um lado, a eficácia da cooperação entre comunidade e polícia; por outro, revela a permanente tensão que paira sobre áreas vulneráveis. Três suspeitos fugiram ao avistarem os policiais, sinal de que a rede de distribuição segue ativa e em alerta.

No bairro Olaria, a terceira apreensão do dia consolidou o saldo da ofensiva. Cerca de 1,58 quilos de maconha e pequenas porções de crack, somados a instrumentos de fracionamento e adulteração de cocaína, reforçam o diagnóstico de que o tráfico, nas suas diversas escalas — do depósito ao ponto de venda —, mantém células operantes em múltiplas zonas da cidade. Um suspeito foi preso no local.

Mais do que números, o saldo de 31,4 quilos de drogas apreendidas num único dia lança luz sobre a magnitude do desafio enfrentado pelas autoridades sergipanas. O crack e a cocaína, pela alta lucratividade e pelo devastador impacto social, são indicadores de um mercado ilícito que não apenas abastece viciados, mas alimenta outras engrenagens do crime organizado, como o tráfico de armas, os crimes patrimoniais e a violência letal.

A Polícia Militar cumpriu, com rigor e rapidez, seu papel repressivo. Contudo, a recorrência de apreensões volumosas em bairros distintos sugere que a política de enfrentamento ao tráfico exige algo além de operações pontuais. Reforça-se a necessidade de um pacto entre segurança, inteligência policial, políticas sociais e justiça criminal que seja capaz de desmantelar, de forma mais permanente, as estruturas que sustentam o comércio de entorpecentes.

Os moradores, ao contribuírem com informações que resultaram em apreensões, demonstram que a confiança na atuação policial pode ser um divisor de águas no combate ao crime. Cabe agora às autoridades aprofundarem esse diálogo e ampliarem as ações preventivas para que, em vez de contabilizar apreensões, Aracaju possa, em futuro próximo, celebrar a diminuição efetiva do tráfico e de seus efeitos colaterais.

Por Anderson Braga

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